quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Bravo!!! Bravíssimo...
Que Dia!!!
Carrapicho, Fusaca, Alegria, Grande Celo, Mel, Titetê
Senhor da Alegria
Aos presentes vou contar
A história de uma vida
Um palhaço, então menino
Já nascido nessa lida
Sob as tendas do Novo Mundo
Fundado por Furtuoso
Sucederam Francisco e Álvaro
Que hoje conta orgulhoso:
Dos setenta e cinco de idade
Sete-zero de picadeiro
Aos cinco, o saudoso Hernani
Foi quem me ensinou primeiro:
_Eis a piada do eco
Sua cara já está pintada
Declaro-te malandreco
Mascote da gargalhada!
Vestido sempre de gala
Com seu nobre figurino
O palhaço fez escala
No crescer do seu menino
Do arame pro trapézio
E deste, pra acrobacia
Houve até globo da morte
Contorcionismo e magia
Foi também sob tais tendas
Que ele se apaixonou
No centro da grande lona
Um lindo altar montou
E aos seus 17 anos
Maurita ele desposou
Não é preciso esforço
Para logo concluir
Que toda sua linhagem
No circo ia prosseguir
Os filhos, são dezenove
E netos, quarenta e seis
Bisnetos crescendo, cinco
O resto... eu já não sei!
E hoje, os engravatados
Tornando à casa do pai
Revisitam seu picadeiro
Pois da veia o dom não sai
Marinho de sobrenome
Não fez tudo sempre azul
Há passagens que se somem
No fundo desse baú
O Circo Novo Mundo
Se foi com um vendaval
Não sobrou uma agulha
Daquela herança ancestral
Tocando a bola pra frente
E sempre com alto astral
Seu Álvaro e Dona Maurita
Criaram o Circo Cristal
Perguntado pela razão
Da nova alcunha da tenda
A companheira sorri
Contando sem muita emenda
Foram dias, noite adentro
Molhando o rosto em cumbuca
Costurando um a um
Aqueles sacos de açúcar
Cortado de Norte a Sul
Este Brasil de Meu Deus
Já sorriu com o Alegria
E hoje... sorri dos seus
Toda uma vida na estrada
O desiderato do riso
Foi bênção lhe atribuída
Conquanto o pouco siso
Mazzaropi e Piolin
Chacarita e Carequinha
São alguns contemporâneos
Referências desta linha
Divertidos... às vezes, tristes
Curiosos e inusitados
Seus casos nos surpreendem
Quando por ele contados
Vaidoso com seu número
Da Mulher Degolada Viva
Não sabia estar na platéia
A polícia em comitiva
Com o fim do espetáculo
Lascou-lhe voz de prisão
Por ter matado sua filha
Na frente da multidão
Veja bem, seu delegado!
Eu não sou nenhum bandido!
Se mato um filho por show...
...sou eu quem está perdido!
E assim, reconhecendo
O valor de sua história
Nosso encontro homenageia
Um artista, sua glória...
Dando vivas ao Alegria
E sua honrosa memória!